O metaverso é a hype do momento. Todos os dias, em artigos como esse, nos tribunais, empresas e escritórios de advocacia, muita gente segue afirmando categoricamente que o futuro pertence ao virtual.
Ouso discordar, concordando.
As empresas têm acreditado que o novo mundo virtual é o futuro, sem ainda saber ao certo como monetizar essa novissima realidade. Sim, empresas têm até mudado seus nomes (o Facebook virou Meta por este motivo) e mesmo com investimentos pesados, temos mais dúvidas que certezas acerca do tema.
O judiciário seguiu as tendências e começou a criar ambientes virtuais para atender advogados e cidadãos, dando entrevistas e vídeos do sucesso dos atendimentos.
Escritórios fizeram o mesmo (os mais famosos, lógico) e criaram espaços em metaversos para demonstrar estrutura, atendimento e muito mais. Será que devemos lembrar que independente do local – físico ou virtual – ainda temos um código de ética? Bom, vamos deixar o assunto para um outro artigo…
Tudo isto ainda não se traduz em algo diferente do que as reuniões virtuais com avatares (que as próprias ferramentas de reuniões virtuais como Zoom, Microsoft Teams e outras já possuem). A empresa KPMG fez um prognóstico muito interessante sobre as 10 tendências para a advocacia até 2025, e o virtual está em muitas delas, sem citar expressamente o metaverso.
Não podemos ignorar as tendências de mercado e é imperioso acompanhá-las para aproveitar o que elas nos trazem de positivo e relevante. Todavia, adotá-las apenas porque outros estão fazendo pode ser um problema e não uma solução. Vamos lá!
Sobre o metaverso em si: para que o mesmo se popularize, terá que ser acessível por qualquer computador ou celular, mesmo com uma internet mais ou menos como a maioria da população no Brasil tem. Esta não é a nossa realidade. A entrada no metaverso depende de uma boa / ótima conexão com a internet, bem como de investimentos em óculos e outros periféricos.
Sobre a justiça em si, pode ser algo interessante, se o judiciário disponibilizar para os advogados e partes envolvidas o acesso dentro dos Tribunais. Não pode o judiciário obstar a justiça com o uso de tecnologia. A tecnologia deve ser inclusiva e, caso as partes ou os advogados não tenham acesso a ela com plenitude, não pode ser o único meio de acessar o judiciário.
Sobre a advocacia, pode se transformar num local interessante de networking, pessoas, entre outros. Pode também se transformar num local de negócios e oportunidades. Entretanto, hoje, não é. Hoje é um local de avatares e prédios, cidades, empresas em construção, sem muito o que se fazer lá dentro, fora jogar (Roblox, entre outros).
E não pensem que o jogo ou uso para jogar é demérito, trata-se de um mercado milionário, porém, não é o foco de todos dentro do metaverso.
Além disto, a grande maioria dos advogados sequer tem gestão efetiva do WhatsApp nas suas vidas corporativas, quiçá pessoais. Adicionar o metaverso, com salas virtuais, com pessoas indo lá em todos os horários, com inúmeras possibilidades de atendimento pode ser útil ou ser um fardo.
Que tal pensar em como atender bem os clientes atuais com o WhatsApp e depois começar a pensar em criar novos canais de atendimento como o metaverso?
#PraPensar
Assim, entendo que observar e perceber as nuances do mercado pode nos levar a algo sério e de bons frutos no metaverso. Mas, hoje, ainda é uma hype para poucos e que precisa evoluir para ser um mercado exponencial como é comumente vendido por aí.
Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos e membro de diversas comissões na OAB.
Atuo com consultoria em gestão, tecnologia, marketing estratégicos e implementação de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD.
Contato (51) 98163.3333 | gustavorochacom.com.br| gustavo@gustavorocha.com